Cooperativas de reciclagem: as novas grandes parceiras de negócios

O aumento e alteração da composição do lixo, é uma consequência da crescente industrialização e economia, junto com a falta de atitudes adequadas da sociedade diante do resíduo que gera. Porém, nos bastidores, já existe um trabalho complexo e cada vez mais indispensável capaz de devolver o plástico, por exemplo, ao processo produtivo em grande escala.

Foi após o desenvolvimento industrial e econômico que o lixo passou de, predominantemente, orgânico para uma maior quantidade de materiais de difícil degradação. De encontro a isso, dados do PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente -, apontam que a produção mundial deve aumentar de 1,3 bilhão para 2,2 bilhões de toneladas até 2025. Segundo as mesmas estimativas, o sistema de coleta e reaproveitamento de lixo é um dos serviços públicos mais caros em todo o mundo.  No entanto, por meio de cooperativas de reciclagem, o impacto ambiental pode ser minimizado e a economia beneficiada.

O que são as Cooperativas de Reciclagem?

Instituições que realizam um conjunto de ações, de forma direta ou indireta, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos descartados, são denominadas Cooperativa de Reciclagem.

Embora estejam cada vez mais disseminadas em todo o mundo, não são iniciativas atuais. A primeira cooperativa formada por catadores de materiais recicláveis do Brasil surgiu em 1989, a partir de um movimento criado por moradores de rua da região do Glicério, zona central da cidade de São Paulo. Desde então, esta atividade vem se mostrando essencial não só para mitigar o impacto ambiental dos resíduos sólidos urbanos, mas também para gerar renda para milhares de trabalhadores e tornar os processos produtivos mais sustentáveis e econômicos. 

Quais os benefícios para a indústria do plástico?

Assim como realizam a triagem com o vidro, alumínio, papel e demais materiais, as cooperativas também separam o plástico – Material que representa 16,5% do total dos resíduos sólidos descartados no Brasil – em suas diversas categorias, como PET, PVC, PEAD, PEBD e outras. Depois, na fase de prensagem, uma máquina compacta o plástico, facilitando o transporte para venda à empresas que o transformam em matéria-prima que dará origem a novos produtos. É dessa forma que elas facilitam o acesso a diversas vantagens de mercado como, por exemplo:

• Preços mais competitivos
• Produto final com qualidade garantida
• Visibilidade positiva
• Maior responsabilidade social e ambiental

Ou seja, são elas que iniciam o ciclo da economia circular do plástico, evitando que grande parte do resíduo pós-consumo chegue em lixões, aterros ou tenha qualquer outro destino final que prejudique a circularidade. Mas os benefícios da cooperativa vão muito além da sustentabilidade.


Ao atender a urgência em criar soluções para aumentar o ciclo de vida dos produtos plásticos, evitando seu desperdício e poupando novas extrações desnecessárias de recursos naturais, as cooperativas também abrem um novo nicho de mercado importante para a economia do país, ampliando sua atuação e faturando milhões de reais ano a ano. Sem contar que o cooperativismo é uma atividade essencial no que tange à

responsabilidade social – há um trabalho focado e que gera renda para as parcelas da

população economicamente vulneráveis.


Mas como contribuir com toda essa cadeia?

Os avanços ambientais, sociais e econômicos alcançados pelas cooperativas de reciclagem dependem do fortalecimento do elo com a indústria, que deve se movimentar para incluir o reuso e reaproveitamento do plástico em sua produção e se adequar cada vez mais à crescente necessidade dos consumidores por produtos com material reciclado de alto valor agregado.

Assim como a separação e descarte adequado do lixo doméstico, os catadores ou trabalhadores que coletam recicláveis merecem um olhar digno e justo. Pois, apesar das cooperativas empregadoras valorizarem seus profissionais, muitos deles ainda se machucam com resíduos perigosos mal embalados ou sinalizados. É papel da sociedade

selecionar e descartar adequadamente os seus descartáveis para evitar danos para esses trabalhadores.

Portanto, cooperativas, recicladoras, indústrias e consumidores são os quatro pilares que sustentam a economia circular do plástico, a maior motivação para a existência do movimento RePEnse. E, até aqui, é fácil concluir que “repensar e cooperar”, independentemente da posição, é a chave para que ela aconteça de verdade, a favor do meio ambiente, da economia e da humanidade.